Está disponível na internet a edição do programa Panorama Ipea que discutiu “A Escassez de Engenheiros no Brasil”, tema da pesquisa publicada pelo instituto, em novembro, desmistificando a teoria de que haveria risco de um “apagão” do setor no país. O programa, que foi ao ar em 9 de dezembro com reprise até dia 15 pelo canal NBr, teve como participantes o conselheiro federal José Geraldo Baracuhy, representando o presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), e um dos autores do estudo, o técnico de planejamento e pesquisa Paulo Meyer.
Os posicionamentos das duas entidades convergem em que não há déficit de engenheiros no país, posição mantida pelo presidente do Conselho antes mesmo da publicação da pesquisa e reforçada em recente artigo “A Excelência da Engenharia Brasileira“. O estudo do Ipea – que confirma cientificamente a análise sustentada pelo Confea no último ano – contesta a teoria de escassez de engenheiros, ao apontar que, apesar do aumento do percentual de engenheiros exercendo ocupações típicas, de 29%, em 2000, para 38%, em 2009, está descartado o risco de um “apagão” de mão de obra de engenheiros, porque não se confirmou o crescimento do PIB “em níveis indianos”, conforme previsto.
No vídeo que dura 30 minutos, Baracuhy afirma que o Confea tem contribuído para equilibrar a distribuição de profissionais da Engenharia no mercado de trabalho brasileiro. Também destaca o empenho do Sistema em atualizar a legislação, o que permitirá, por exemplo, rever o piso salarial dos profissionais da área tecnológica. Para ele, toda a flexibilização das atividades precisa acompanhar a modernização do balizamento jurídico.
Ao falar da demanda de profissionais, o pesquisador do Ipea, Paulo Meyer, é enfático. “Não há escassez generalizada, apagão, mas pode haver problemas localizados”. Entre eles, estariam a engenharia naval, engenharia petrolífera e o setor ainda aquecido da construção civil. “Foram registrados 600 novos cursos em 10 anos. Além dessas áreas, ainda encontramos limitações na agrimensura. Mas tenho certeza de que a adequação que o próprio Sistema vem fazendo, estimulando que o profissional tenha a extensão de atribuição, mantendo sua área, contribuirá para supri-las. Mas é importante lembrar que a inovação cresce rápido e tem cursos que não existiam há alguns anos”, aponta Baracuhy.
Entre os debatedores, ficou claro que só se pode falar, ainda, em escassez de engenheiros em termos de qualidade, não de quantidade. Para Baracuhy, o incremento quantitativo é incontestável, “mas ainda devemos no qualitativo”. Ele informa que 40% dos formandos ainda estão em níveis 1 e 2 em uma escala do Ministério da Educação que vai até 5 para medir a qualidade da formação brasileira na área. “Por isso falamos ainda em escassez qualitativa, diante de uma evolução da inovação tão alta. O Sistema Confea/Crea contribui para atender a essa cobrança da sociedade. A partir de 2014, o engenheiro poderá ter a extensão de sua atribuição com mais celeridade, procedendo uma formação complementar”, disse, referindo-se ao projeto substitutivo que altera a Resolução 1.010 do Confea.
“A formação não termina no curso superior. Os profissionais não chegam prontos para as empresas, que têm resistência para investir nisso. O Sistema S poderia expandir mais. Esse tipo de iniciativa ganha mais relevância e acredito que a formação deveria ser mais generalista para o profissional fluir em vários campos”, sugere Paulo Meyer.
Fonte: Equipe de Comunicação do Confea
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