A corrosão dos tirantes (cabos de aço), que sustentavam o estrado (pista) foi a causa do desabamento da ponte José Américo de Almeida (Ponte de Pedra Branca) que ficava no Povoado Pedra Branca, no município de Laranjeiras. A informação consta no laudo conclusivo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea-SE) apresentado à imprensa na tarde desta terça-feira (29/9) pelo presidente do Conselho, Arício Resende.
O laudo é resultado de quatro meses de estudos realizados por uma Comissão de Peritos formada por nove engenheiros civis. A análise teve como pontos básicos, a estrutura da ponte; o peso das duas tubulações da adutora do São Francisco em cima da ponte e a manutenção da obra. “Durante as vistorias verificamos vários pontos de corrosão em função da ação do tempo, situação que causou a ruptura”, explica o engenheiro Gilson Correia de Souza ao acrescentar que faltou manutenção da obra.
O presidente da Comissão de Peritos, Nicanor Moura Neto ressalta que o Brasil não tem cultura de manutenção. “A ponte de Pedra Branca poderia ter uma durabilidade bem maior se tivesse sido conservada de forma adequada, o que não aconteceu”, reforça ele. A corrosão sob tensão foi a principal causa da ruptura dos tirantes que mantinham a ponte em operação, explica o engenheiro civil Emerson Meireles de Carvalho.
Diante do resultado do laudo, o Crea-SE recomenda aos órgãos responsáveis pela gestão da manutenção de pontes e viadutos do Estado alguns procedimentos para evitar novos acidentes do gênero. “É preciso sistematizar nos orçamentos públicos anuais, a inclusão de dotações necessárias ao monitoramento preventivo da vida útil das obras. A manutenção é fundamental para uma maior durabilidade da obra. É uma questão de segurança”, alerta o presidente do Crea-SE, Arício Resende.
O Crea-SE também recomenda que todas as escolas de Engenharia Civil insiram em seus projetos pedagógicos de graduação, às disciplinas referente a matéria ‘corrosão de estruturas de concreto armado, protendido e metálicas. De acordo com Arício Resende, o documento vai ser encaminhado ao Ministério Público Estadual e, também, ao DNIT; D.E. R e Detran. O resultado também será apreciado pela Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea-SE.
“A Comissão de Peritos está de parabéns. Nosso objetivo com este trabalho foi contribuir para que outros acidentes desse tipo não se repitam. O desabamento da ponte de Pedra Branca foi uma grande perda para a Engenharia sergipana, em função do valor histórico da obra e também da sua beleza arquitetônica. Uma obra que poderia ter uma maior durabilidade se tivesse passado por um processo de conservação adequado. Vale lembrar que o último registro de manutenção desta ponte foi em setembro de 1994”, ressalta Arício Resende.
Rompimento
Construída em 1933, a ponte José Américo de Almeida (Ponte de Pedra Branca) era situada na BR 101, sobre o rio Sergipe. A obra limitava os municípios de Maruim e de Laranjeiras. A obra desabou no dia nove de maio deste ano. Com a queda duas tubulações da adutora do São Francisco que passava por cima da ponte foram destruídas, o que resultou na ocasião, o desabastecimento de água em toda Grande Aracaju.