Inseticida biológico é arma na luta contra lagarta helicoverpa armígera

 

A calmaria que se vê no horizonte nem de longe lembra o transtorno vivido pelos agricultores do oeste da Bahia na última safra de verão.

Não sobrou uma lavoura que não tenha sido atacada por essa praga tão voraz, a helicoverpa armígera, mas o susto e o estrago foram minimizados com rígidas práticas de manejo, como conta Celito Breda, diretor da Abapa, Associação Baiana dos Produtores de Algodão, entidade da região que engloba 210 produtores. “Uma das ferramentas que nós incrementamos de forma muito massiva foi o controle biológico, principalmente na soja. Nós tivemos um vazio sanitário melhor do que nos anos anteriores”.

De tudo o que se fez para controlar a helicoverpa armígera, o que mais contribuiu para o sucesso em favor dos agricultores foi a mobilização que ocorreu em todas as propriedades. Como se sabe, praga não respeita cerca e adotar medidas isoladas seria um desastre.

Na fazenda São Francisco, no município de Riachão das Neves, o agrônomo Severo Amoreli conta que os 15 mil hectares de soja plantados nesta safra estão em condições bem mais sadias que as do ano passado.

O principal reforço no time dos agricultures está sendo o vírus HZNTV, importado da Austrália e dos Estados Unidos, que tem dado tão certo que fica até difícil de encontrar uma lagarta viva.

Sob o efeito do vírus, a lagarta vai paralisando, fica lenta, come menos, até definhar e chegar à morte.

A presença da helicoverpa armígera na lavoura mudou a rotina de quem lida diretamente no controle de pragas na propriedade.

Todo agricultor que leva as contas na ponta do lápis sabe que não basta ter no mercado um produto eficiente para o controle, é preciso saber a hora da aplicação. No caso do vírus HZNPV a decisão para esse momento começa com a observação da lagarta na própria lavoura.

Idarlan de Oliveira Castro é monitor de pragas há três anos e viu a responsabilidade de seu trabalho aumentar depois que aprendeu a reconhecer a helicoverpa armígera. Em cada talhão, ele tem que analisar 100 plantas em pontos espalhados, se encontrar cinco lagartas, já indica que precisa fazer a pulverização.

Em Luís Eduardo Magalhães, o agricultor Rony Reimann viu sua lavoura de algodão perder 40% da produtividade no ano passado por conta da helicoverpa armígera.

Ele aposta nas aplicações do vírus, mesmo sabendo que o controle da lagarta no algodão é mais difícil do que na soja.

Interessado em conhecer de perto o trabalho desenvolvido pelos agricultores no controle da praga, o agrônomo Fernando Hercos Valicente, da Embrapa Milho e Sorgo, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vem fazendo visitas regulares ao oeste da Bahia.

 Fonte: G1


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