O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea-SE) é contra a privatização da Companhia de Saneamento (DESO) por entender que a água é um bem público, um direito humano e que não pode ser tratada como uma commoditie, como se fosse uma mercadoria. Para o presidente do Conselho, engenheiro agrônomo Arício Resende, a desestatização do sistema acarreta demissões, precarização do trabalho por meio de subcontratações de serviços, aumento de preços tarifários, perda da qualidade do serviço oferecido, além do aumento da desigualdade social.
![Presidente do Crea-SE, Arício Resende](https://www.crea-se.org.br/wp-content/uploads/2017/02/20170214_102844-300x169.jpg)
De acordo com o presidente do Crea-SE hoje vários povoados de Sergipe recebem água tratada porque a Deso é uma empresa pública.” São localidades onde o custo para manter o abastecimento de água é bem acima que os recursos arrecadados pelas tarifas pagas pelos consumidores dessas regiões mais afastadas da área urbana. Isso ocorre porque o objetivo da estatal não é ter lucro, o que ela precisa ter é um resultado social. No caso de uma privatização a situação seria diferente”, avalia Arício Resende que também alerta para as tarifas sociais que no caso de uma venda da Companhia, o benefício estaria ameaçado a acabar.
No fim da manhã desta terça-feira (14/2) uma comissão formada por representantes dos empregados da DESOesteve reunida com o presidente Arício Resende com o objetivo de pedir o apoio do Crea ao movimento contra a privatização da Companhia de Saneamento. “Estamos buscando o apoio de instituições e entidades de classe. A participação do Crea-SE neste movimento é de fundamental importância”, disse a advogada, Layane carvalho, integrante da Comissão.
Layana destaca que a privatização desse serviço público trará sérios problemas a população. “Sairemos de uma visão comunitária e social para uma visão capitalista. Deixar o saneamento básico e o abastecimento de água nas mãos de empresas privadas é uma medida que vai encarecer o serviço em locais que mais precisam. O preço da tarifa deve variar de acordo com as condições do município, como a dificuldade de captação de água e o poder aquisitivo da população” , explica ela.
A advogada ressalta ainda que dos 71 municípios abastecidos pela DESO somente 14 são viáveis financeiramente para investimentos em captação. “ A DESO enquanto pública presta o atendimento, mas ao ser privatizada não vai querer investir onde não há retorno financeiro porque sua preocupação é apenas lucrar”, avalia Layane.
Já o engenheiro, Edson Barreto alerta que a privatização reduz o mercado de trabalho. “As empresas vão deixar de participar de licitações para executar obras de saneamento, por exemplo, porque as licitações deixam de existir com a privatização. A contratação de mão-de-obra passa a ser mínima”, alerta ele