Ensino a distância. O tema é polêmico e rende horas de debates e discussões na Reunião Ordinária da Coordenadoria Nacional de Câmaras Especializadas de Agronomia (CCEAGRO) que acontece até esta quarta-feira (29/4) na sede da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE). Por unanimidade, coordenadores e conselheiros decidiram manter a posição contrária a essa modalidade de ensino para o curso de agronomia.
Para o engenheiro agrônomo, Kleber Santos, coordenador
nacional da CCEAGRO, essa prática de ensino é inviável para o curso.” Defendemos a presença dos formandos nas aulas, pois estamos falando de um curso que exige atividades práticas. O estudante de agronomia cursa disciplinas que abrangem vários temas: produção vegetal, produção animal, mecanização agrícola, irrigação, solos, administração e agronegócio. Os alunos também realizam estudos e pesquisas em diversas áreas: cultivos agrícolas, produção de rebanhos, manejo do solo e da água, manejo de pragas. São atividades que em quase todo o período do curso exigem a presencial do aluno”, reforça ele.
O coordenador-adjunto da CCEAGRO, Cid Muraishi também compartilha a mesma opinião ao acrescentar que a educação a distância é um fenômeno mundial e que no âmbito das profissões inseridas no Sistema Confea/Crea, requer uma atenção especial, em função da complexidade do conhecimento envolvido. É preciso aprofundar essa questão”, defende ele.
Mesmo sendo contrários, coordenadores e conselheiros reconhecem que a nova modalidade de ensino é uma realidade na área tecnológica e por isso decidiram manter o Grupo de Trabalho (GT) criado ano passado, o qual tem a missão de coletar todas as informações possíveis sobre a questão .
“Caso o ensino a distância um dia também seja aplicado ao curso de agronomia vamos estar preparados para definir, por exemplo, quais as disciplinas que podem sem presenciais ou não. Vamos preparar um documento que traz todos os dados necessários para definir se essa modalidade de ensino é ou não viável ao curso de agronomia”. É o que explica Kleber Santos ao acrescentar que o documento vai ser apresentado na próxima reunião Ordinária da Coordenadoria Nacional de Câmaras
Especializadas de Agronomia que acontece no dia 30 de setembro em Belém do Pará.
O coordenador da Câmara de Agronomia de Sergipe, Laerte Marques da Silva apresentou dados estatísticos que mostram o crescimento expressivo da procura por cursos à distância. “Atualmente quase 12 mil alunos de engenharia fazem curso a distância, o que representa 1,01% do total de alunos nesse tipo de modalidade de ensino no país”, afirma ele.
A qualidade dos cursos e à política nacional de educação superior também são questões em destaque na reunião e que retratam uma preocupação em comum entre coordenadores e conselheiros. Os
assuntos foram ministrados pelo presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná e vice-presidente para a região Sul da Confaeab, o engenheiro agrônomo, Luiz Antônio Corrêa Lucchesi.
Ele mostrou que um estudo feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que, em geral, há um déficit na qualidade dos engenheiros formados no Brasil. “Temos hoje 409 escolas de agronomia no País, onde a carga horária é muito diminuta para se atender às diretrizes nacionais curriculares e assim formar profissionais competentes e com habilitação plena frente ao Sistema Confea/ CREA”, enfatiza Lucchesi.