Encerra nesta quinta-feira (26/3) o IV Encontro de Catadoras de Mangaba de Sergipe. A principal pauta de luta das catadoras em Sergipe é a pela criação de Reservas Extrativistas (Resex), que possam garantir oficialmente áreas de proteção da ocorrência da fruta no litoral sergipano sem interferência do avanço imobiliário e do agronegócio, especialmente do monocultivo canavieiro, os dois maiores fatores de redução das mangabeiras na região.
Para as mulheres do Movimento Catadoras de Mangaba (MCM) a demarcação dessas áreas da restinga sergipana é imprescindível para a manutenção da cultura das comunidades tradicionais extrativistas e para que as e os extrativistas continuem vivendo do seu trabalho na cata da mangaba e na pesca. “É por isso que reivindicamos acesso irrestrito às áreas de extração, a partir da desapropriação de áreas para fins de reforma agrária e criação de reservas extrativistas (Resex). Essa medida assegura a geração de renda das extrativistas e, essencialmente, garante a preservação da biodiversidade das comunidades tradicionais”, afirma Adirani Souza Mendonça da Silva, Catadora de Mangaba do Povoado Pontal, município de Indiaroba.
Com apoio da UFS e da Embrapa, o encontro reúne catadoras de comunidades extrativistas de importantes áreas de ocorrência da fruta no litoral sergipano, como os municípios de Indiaroba, no sul, e Barra dos Coqueiros, na Grande Aracaju. A pesquisadora Dalva Mota, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), e o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) lotado em Recife, PE, Josué Francisco da Silva Jr., considerados pelas lideranças das catadoras os ‘padrinhos do movimento’, vieram a Sergipe especialmente para o encontro. O chefe-geral da Unidade da Embrapa em Sergipe, Manoel Moacir Macedo, também prestigiou o encontro, acompanhado pela chefe de Administração, Aline Moura.
Juntamente com a analista Raquel Fernandes, também presente no evento, Josué e Dalva têm desenvolvido diversas pesquisas, tanto na linha agronômica quanto social, para garantir meios de conservação da mangaba para o futuro e para caracterizar a situação socioeconômica dessa população tradicional, suas vulnerabilidades e potencialidades. Alguns desses resultados de pesquisa estão em diversas publicações, como o “Mapa do Extrativismo da mangaba em Sergipe” e as “Mangabeiras. As Catadoras. O Extrativismo”, além do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) mantido pela Embrapa Tabuleiros Costeiros em Itaporanga d’Ajuda, no litoral sul sergipano, para garantir a conservação dos recursos genéticos da fruta.
O Encontro terminará com um ato público na manhã desta quinta-feira (26/3) e idas à Assembleia Legislativa, Ministério Público e Palácio do Governo para fazer a entrega de um dossiê que relata e denuncia a situação das áreas de restinga sergipana. No fim da tarde, as Catadoras de Mangaba Lançam seu segundo CD Quero ver rodar com as griôs da restinga sergipana. O novo álbum é uma realização da Associação das Catadoras de Mangaba E Indiaroba (Ascamai), por meio da equipe do Projeto Catadoras de Mangaba Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe, patrocinado pela Petrobras, com o apoio da Universidade Federal de Sergipe e Movimento das Catadoras de Mangaba de Sergipe.