Eles mantiveram um reinado muito particular no mercado de trabalho durante anos de demanda superaquecida até 2011 e agora enfrentam tempestades na economia, mas nem assim perderam a majestade. Engenheiros com formação sólida, experiência, disposição de encarar a coordenação de equipes e para dedicar horas extras ao trabalho até nos fins de semana continuam tendo vez, a despeito do arrefecimento ou queda das contratações na indústria. Atrás de mais eficiência, aumentos de produtividade e redução de perdas, as empresas recorrem mais a esses profissionais do que aos especialistas em vendas, marketing ou sistemas de tecnologia da informação. A disputa é maior em mercados como o de Minas Gerais, onde as fábricas têm grande peso no total da produção de bens e serviços do estado, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB).
Os profissionais da engenharia concentraram 19,3% das contratações no país durante o primeiro trimestre deste ano, liderando o ranking por segmento de atuação, de acordo com balanço feito pela Page Group, consultoria internacional em recrutamento de executivos, dona das marcas Michael Page, Page Personnnel e Page Executive. Bateram, inclusive, as sensíveis áreas de finanças, com 17,8% das contratações de gestores; e de vendas, 10,4% das admissões no período. Em Belo Horizonte, a engenharia respondeu por 55% das vagas ocupadas que a Michael Page ofereceu no período. Os percentuais se destacaram num cenário em que as empresas reduziram as admissões de executivos no país em 1,8%, na média, de janeiro a março, frente a idêntico período do ano passado.
Do escritório de BH, o gerente-executivo da regional Michael Page de Minas Gerais e do Centro-Oeste Rafael Chagas observa a procura pelos profissionais da engenharia pautada, basicamente, na substituição de mão de obra em busca de melhores resultados desses executivos. “A busca por eficiência é o grande motivador das contratações, que não necessariamente surgem em razão de aumento do quadro de pessoal. O fator preponderante é a substituição de mão de obra”, afirma. Em Minas, boa parte dessa demanda parte das empresas de transporte e da chamada indústria de base, o setor minerometalúrgico, em especial, e a construção.
Experiência
A engenheira civil Rafaela França Bittencourt, de 26 anos, se beneficiou da boa oportunidade de trocar de emprego nesse período que poderia ser considerado pouco favorável pelos colegas. Ela deixou a construtora para a qual trabalhou durante quatro anos e inicia nova carreira em outra empresa do ramo no comando de um canteiro de obras de 80 unidades residenciais que precisará do trabalho de 120 pessoas no pico dos serviços. A experiência de gerenciamento vem sendo adquirida desde 2012, quando ele se formou. “Experiência e prática profissional fazem a diferença. É preciso também estar engajado e pronto para trabalhar até mesmo nos fins de semana”, afirma.
Renovação de quadros
As reposições no quadro de pessoal movimentam as contratações, da mesma forma que a necessidade das empresas de ter profissionais gabaritados para suas áreas de projetos e desenvolvimento de produtos que não podem parar, segundo Robson Barbosa, diretor de Operações do grupo Selpe, especializado em recrutamento de mão de obra, com sede em BH. “Cada vez mais a capacitação técnica é exigida, e se o profissional for chamado para assumir cargos de liderança, como supervisão e coordenação, é fundamental a capacidade de liderar e trabalhar em equipe”, diz. Os profissionais da engenharia concentram de 15% a 20% da oferta de vagas captadas pela Selpe desde os níveis operacional ao executivo e 40% quando se refere às contratações de especialistas.
A motivação da abertura de vagas para manutenção do quadro de empregados pelas empresas é observada sobretudo na construção civil. No ramo de obras industriais, o engenheiro de produção civil Daniel Vilela, de 25 anos, encontrou boa oportunidade de progressão de carreira e vê contratações ainda ativas para a categoria. À frente de um projeto encomendado por uma empresa do setor automotivo, ele comanda 50 trabalhadores diretos e chegará a coordenar 150 pessoas nos próximos meses. “As minhas responsabilidades têm aumentado, o que exige maior dedicação com frequência nos fins de semana. Ao mesmo tempo ganho mais espaço como profissional”, afirma.
Requalificação As empresas estão aproveitando o período de desaquecimento da economia para rever o seu quadro de empregados e qualificar o time, avalia Ana Carolina Huss, diretora de RH da Direcional Engenharia. “Num cenário de crise, a empresa se destaca com quem é bom, tem experiência, disponibilidade de tempo e oferece alto grau de dedicação. Se a vaga exige capacidade de liderança, o profissional tem de saber tratar a equipe com respeito e cuidado”, afirma. Os salários oferecidos aos profissionais da engenharia seguem, no entanto, acomodados num período distante da valorização do passado. A média das remunerações tem variado de R$ 4.500 para engenheiros juniores com bagagem acadêmica destacada à faixa entre R$ 12 mil e R$ 20 mil para aquele profissional sênior com 10 anos de experiência e preparo para assumir funções gerenciais. (MV)
Fonte: Folha do ES
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