A diversificação é um método que vem sendo usado na agricultura familiar como alternativa para enfrentar as adversidades do clima, as baixas de preços de determinadas culturas e o combate a pragas e doenças. Na citricultura não é diferente. Por ser uma commodity, a laranja submete-se ao humor do mercado internacional que, por vezes, prejudica ainda mais aqueles agricultores que se encontram na base da pirâmide agrícola. E para fugir dessa crise que se abate a cada dia na citricultura, o agricultor familiar do Povoado Limoeiro, Município de Arauá, José de Ângelo de Souza, resolveu adotar a diversificação em sua propriedade e hoje vê na produção do cacau uma fonte de renda que jamais imaginava possuir.
Agricultor há 30 anos, Zé Chico, como é conhecido na comunidade, sempre trabalhou com a laranja, mas foi no cacau que ele encontrou um estímulo maior para enfrentar os altos e baixos da cadeia produtiva do citros na região. Além de ser uma cultura relativamente de fácil manejo, o cacau lhe proporciona uma produtividade acima da média com um retorno financeiro que deixa qualquer agricultor satisfeito. Em apenas 5 tarefas, das quais 3,5 plantadas com cacaueiro, seu Zé de Chico consegue obter uma produtividade de pouco mais de 200 arrobas em três safras anuais. Mas, o que realmente o deixa contente é o preço praticado quando da comercialização nos municípios baianos de Ilhéus, Valença e Itabuna, que é entre R$ 90,00 e R$ 130,00 a arroba. “Com 20 ou 30 arrobas (de cacau) você faz dinheiro por 60 ou 70 tonelada de laranja, isso porque o peso dele é bem valorizado”, justifica o agricultor.
E para conhecer de perto todo esse trabalho que vem sendo desenvolvido por seu Zé Chico, a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) promoveu mais um Dia Especial sobre a Diversificação da Fruticultura. Na oportunidade, 23 agricultores familiares dos municípios de Arauá, Umbaúba, Santa Luzia do Itanhy, Divina Pastora e Estância, que também trabalham com a citricultura, estiveram acompanhados dos seus respectivos técnicos presenciando as formas e tecnologias empregadas no plantio do cacau.
Na propriedade de Zé de Chico os participantes conheceram o pomar de cacau já plantado há, pelo menos, 4 anos, e lá aprenderam sobre as práticas utilizadas no plantio, na colheita, na despolpadora do fruto e na secagem dos caroços.
Diversificação
Preocupado em sempre manter sua propriedade produzindo, o agricultor divide o espaço com culturas como a laranja, mandioca e o cacau, além de possuir um tanque onde pratica a piscicultura. “Eu não abandonei a laranja, porque meu objetivo é ter de tudo um pouquinho”, disse Zé de Chico, acrescentando que quando uma cultura não dá a outra substitui. “E assim eu produzo o ano todo”, destacou ele.
“A cultura da laranja é a única cadeia produtiva de fato estabelecida e em atividade na região Sul e Centro Sul. A gente não aconselha que o produtor troque uma monocultura por outra, e sim que ele tenha sempre dois ou três objetivos de agronegócio, porque você ficar com todos os ovos numa mesma cesta é sempre perigoso”, disse o Engenheiro Agrônomo e Pesquisador da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), Auro da Conceição Andrade.
Segundo o pesquisador, é importante que o agricultor tenha em mente que as culturas como o cacau, açaí e cupuaçu devem ser utilizadas para incrementar os arranjos produtivos da região. “Essas culturas exóticas devem ser somadas às culturas existentes na região formando assim um leque de opções de culturas para a diversificação junto com a laranja, maracujá, banana e abacaxi”, ressaltou Auro Andrade, que alertou ainda que o monocultivo é prejudicial.
“Nossa participação é de suporte e de apropriação técnica. A gente vai buscando orientar o produtor sobre as diversas boas práticas que envolvem o cultivo do cacau, sendo uma cultura exótica para nós. Essa é primeira área safreira em Sergipe”, completou Auro Andrade.
Fonte: Emdragro
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