A segunda palestra de quarta-feira na 76ª Soea ficou a cargo do empresário Nilton Molina, presidente do Conselho Administrativo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, que abordou o tema “Longevidade e Previdência: Sociedade 6.0″. Do alto dos seus 84 anos e com um bom humor invejável, Molina avisou – principalmente para os profissionais “de cabeça pelada ou branca” -, que as transformações sociais que envolvem a longevidade chegarão com a força de um tsunami. A palestra, bastante concorrida, foi patrocinada pela Mútua.
O palestrante explicou que as mudanças no perfil etário da população, com a redução na quantidade de jovens e a ampliação do grupo de brasileiros acima de 60 anos tornarão a Previdência Social, baseada no modelo estatal, insustentável como ela é hoje. “A partir de um futuro não muito distante, as pessoas que antes chegavam aos 60, 65 inativos, continuarão trabalhando para poder se manter. Ajuda da família, talvez, mas não será mais possível contar com o apoio de uma previdência pública, como hoje. Em um futuro não muito distante, o benefício da previdência será de, no máximo, um salário mínimo”, avisou.
Segundo o especialista, as taxas de fecundidade dos brasileiros diminuíram bastante. As projeções indicam que, em 2034, as mulheres terão, estatisticamente, 1,5 filhos, em média. Com os avanços da medicina, por outro lado, quem nascer em 2042 terá uma expectativa de vida de 80 anos. Tal situação diminui bastante a quantidade de contribuintes e aumenta, de forma desequilibrada, a quantidade de aposentados e pensionistas, tornando o sistema brasileiro insustentável.
Molina lembrou que em lugares como o Japão e a China gasta-se com previdência muito menos do que no Brasil. “A grande questão que emerge desse admirável cenário, como dissemos, é o financiamento dos idosos. De quem será a responsabilidade?”, pergunta. Entre escolher o Estado, a família ou o próprio indivíduo, o palestrante concluiu sua apresentação com a certeza de que “isso ficará a cargo de cada um de nós”.
Para discorrer sobre os desafios comportamentais, econômicos e sociais da longevidade, o palestrante contou uma experiência pessoal, que demonstra com clareza as mudanças que afetam a velhice no Brasil. Molina lembrou de uma reunião com um grupo de empresários, com faixa média de 81 anos, que atuam regularmente no mercado e não pretendem se aposentar. “E será assim com todos, já que as estatísticas mostram impossibilidade do Estado pagar a conta da aposentadoria num país que envelhece rapidamente” – afirmou.
Ele revelou que, agora é necessário refletir sobre quatro dimensões diferentes: Cada indivíduo precisará de pensar em si mesmo e programar a qualidade da sua velhice. A família precisará pensar em quem vai cuidar pais, esposas e filhos quando ficarem velhos. Molina lembrou, ainda, que é preciso por em dúvida sobre quais profissões continuarão a existir, pois muitas estão em extinção. “E, finalmente, temos de fazer uma reflexão olhando para o país: como ele vai subsistir sem o dinheiro para a Previdência”, concluiu.
Fonte: Gecom Mútua
Fotos: Dimmy Falcao e Rafael Victor