A ausência de um projeto de montagem somada ao avançado estado de corrosão da estrutura, além da utilização de materiais diversos sem especificação, foram os fatores que contribuíram para o desabamento de parte do camarote da Festa da Odonto Fantasy. O acidente ocorreu no início do mês passado, deixando várias pessoas feridas. O parecer técnico, elaborado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea-SE) em parceria com a Defesa Civil Estadual e de Aracaju foi divulgado a imprensa na manhã desta sexta-feira.
“Houve falha na montagem da estrutura, a qual apresentava vários pontos de corrosão. Também verificamos que diversas ligações foram fixadas por arames e pregos, além disso, em várias partes da estrutura constatamos elementos estruturais como vigas e pilares com deformidades, devido às montagens e desmontagens forçadas”. É o que ressalta o presidente em exercício do Crea-SE, engenheiro civil, Tadeu Maciel Filho ao acrescentar ainda que nenhuma das duas Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) de provas de carga de estrutura apresentadas correspondem à estrutura montada.
De acordo com Tadeu Maciel, a empresa e o profissional responsáveis pelo projeto e execução do serviço serão convocados para prestar os devidos esclarecimentos junto a Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea. “Se for constatado erro por parte do engenheiro, este será encaminhado ao Conselho de Ética, podendo sofrer punição que vai desde uma sanção pública a cassação do registro profissional. O processo seguirá todos os trâmites, conforme prevê a Lei Orgânica da Engenharia, com garantia ao profissional a ampla defesa”, afirma o presidente do Conselho.
No Parecer Técnico consta ainda, que pontos de corrosão atravessaram a espessura do tubo e que os elementos estruturais apresentaram perda de seção significativa, tornando a estrutura mais frágil em termos de capacidade de carregamento. “A NBR 6120/1980 aponta que a capacidade de resistência para estruturas montadas de arquibancadas é de 400 Kg/m². Somando a essa carga os coeficientes de segurança exigidos por norma, o camarote teria que suportar cerca de 600 Kg/m². Diante disso, tecnicamente, é improvável se falar em superlotação. O que se pôde observar foi, realmente, graves problemas de resistência na estrutura e deficiências no processo de montagem”, afirma o Capitão Silvio Prado, coordenador da Defesa Civil Municipal.
O diretor do Departamento Estadual de Proteção e Defesa Civil (Depec), coronel Alexandre José disse que o objetivo principal do parecer é contribuir com a investigação que está sendo conduzida pela Policia Civil de Sergipe. “A Defesa Civil e o CREA estão emitindo um parecer técnico, mas quem vai indicar a responsabilização pelo ocorrido é a autoridade policial, conforme o laudo conclusivo que será emitido pelo Instituto de Criminalística. Hoje, estamos aqui entregando esse parecer para contribuir com as investigações”, pontuou.
O diretor do Instituto Criminalística, Nestor Barros recebeu o Parecer Técnico e garantiu que até a próxima sexta-feira, o laudo pericial será entregue a Polícia Civil .
Texto e fotos: Iris Valéria ( assessora de comunicação do Crea-SE)