Corrosão provocada pela falta de manutenção. Esta foi à causa que explica a queda de uma peça metálica – de mais de 200 quilos- do totem do Shopping Jardins, fato ocorrido no dia 3 de junho deste ano, o qual resultou na morte da aluna do sexto período de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe, Cláudia Ticyane Freire, 21 anos, e causou ferimentos, no estudante Ítalo Ramond Rodrigues Damascena, de 25 anos. O laudo que aponta as causas do acidente foi apresentado nesta terça-feira (27/7) pelo presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea-SE), Arício Resende em coletiva a imprensa realizada na sede do Conselho.
Durante quase dois meses, a comissão instalada pelo Crea-SE fez diversas visitas técnicas e inspeções no Condomínio do Shopping Center Jardins. Após análises, a Comissão constatou alto índice de corrosão em estágio avançado na peça de adorno que se desprendeu, o que demonstra ausência de manutenção preventiva e corretiva há vários anos. É o que afirma Arício Resende ao alertar que o processo de oxidação também foi constatado nas peças estruturais interna e superior do totem e que a recomendação do Crea é que a estrutura seja retirada para que passe por um processo mecânico de completa recuperação.
Os trabalhos da Comissão foram coordenados pelo engenheiro mecânico Romeu Santos (coordenador das Câmaras Especializadas de Engenharia Mecânica e Metalúrgica) que durante a coletiva pontuou que a falta de manutenção adequada foi decisiva para que o processo de corrosão acentuado, sem nenhuma medida de controle, culminasse no colapso estrutural da peça com a sua consequente queda. Também integram a Comissão, os engenheiros Civis, Nicanor Moura Neto(coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil); Ronald Vieira Donald ( coordenador da Comissão de Engenharia de Segurança do Trabalho); Ruskaja Cunha Sandrin ( Assessora de Política Institucional) e Vanessa Meneses Bigi ( assessora de Projetos Especiais).
Durante a coletiva, também foi apresentado o laudo do Instituto de Criminalística, no qual reforça a conclusão do parecer do Crea, ou seja, aponta o alto grau de corrosão como a causa da queda da peça metálica. O diretor do Instituto, Nestor Joaquim e o perito criminal responsável pelo caso, Genilson Sebastião, detalharam as análises dando uma dimensão da gravidade do acidente. “Duas peças se desprenderam do totem publicitário localizado na parte externa do shopping. As duas peças somadas tinham 225 kg, o que na altura de quase 31 metros, corresponde a uma colisão de quase 90 km/h”, afirmaram os servidores.
O delegado responsável pela investigação, Everton Santos, que também participou da coletiva, informou que em 2012, a direção do shopping já havia sido alertada para o problema. “Um relatório produzido pela empresa Interbrasil em 2012 informou aos gestores para a necessidade de manutenção na estrutura, no entanto, o Shopping não tomou as providências cabíveis”, disse o delegado.
Everton Santos destacou que diante do que foi constatado e comprovado, o superintendente e o gerente de manutenção e operação do Condomínio do Shopping Jardins respectivamente, Jaryo César Ramos de Lima e o engenheiro civil, Saulo Melo Tavares foram indiciados por homicídio culposo devido à morte da estudante Cláudia Ticyane e por lesão corporal grave devido aos ferimentos sofridos pelo também estudante Ítalo Ramond que passou 30 dias internado.
O delegado revelou que também vai responsabilizar a prefeitura de Aracaju. “Mesmo não sendo feitas as correções solicitadas, a Emurb liberou o Habite-se, certidão expedida pela Prefeitura atestando que o imóvel estava adequado para funcionamento. Houve omissão do Pode Público neste caso”, a avalia Everton.
O presidente do Crea-SE ressaltou que o laudo será encaminhado ao Ministério Público Estadual, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e ao Instituto de Criminalística. “O Crea também vai apurar a responsabilidade do engenheiro e do técnico em edificações no caso. Será aberto um processo na Câmara Especializada de Engenharia Civil, cujo parecer técnico será enviado a Comissão de Ética para apreciação. Havendo culpabilidade, o profissional sofrerá penalidade que pode ser advertência; suspensão temporária ou cancelamento definitivo do registro”, afirma Arício Resende.