Calagem, melhoramento genético, biotecnologia, inseminação artificial. Terminologias que fazem parte da rotina dos engenheiros agrônomos, cuja data comemorativa é 12 de outubro. Se práticas como “aplicar calcário no solo” (calagem) e as demais mencionadas acima ainda são pouco familiares ao vocabulário da maior parte das pessoas, suas consequências repercutem no dia a dia de bilhões ao redor do mundo. Atualmente, há 89.752 registros ativos de engenheiros agrônomos no Sistema. Em Sergipe, há registro de 1.107 profissionais ativos em 2014.
A regulamentação da profissão de engenheiro agrônomo, em 12 de outubro de 1933, antecipou a própria criação do Sistema Confea/Crea, em 11 de dezembro daquele ano. O Decreto 23.196 proporcionou o impulso necessário para que a Agronomia se desenvolvesse ainda mais no país. Desde então, os profissionais precisariam do registro profissional para exercer suas atribuições. Entre elas, o decreto lhes garante “o exercício técnico” de “experiências racionais e científicas referentes à agricultura e quaisquer demonstrações práticas de agricultura em estabelecimentos federais, estaduais e municipais” e ainda as atividades relacionadas a “construções rurais” e “exercícios econômicos relativos à agricultura e indústrias correlatas”, entre outras.
As atribuições só passariam a ser fiscalizadas pelos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia em 1966, com a publicação a Lei nº 5.194/1966. De acordo com o analista da Superintendência de Integração do Sistema Confea/Crea e Mútua, geógrafo Otaviano Batista, entre 1933 e 1966, os registros eram feitos junto ao ministério da Agricultura. “Ele não tinha estrutura para fiscalizar os profissionais”. Alguns anos depois da lei que regulamentou as profissões do Sistema Confea/Crea e Mútua, a Resolução 218/1973 estabeleceu as competências específicas do engenheiro agrônomo, dentro das 18 atividades comuns às diversas modalidades de engenharia, para efeito de fiscalização do exercício profissional.
Diz seu artigo 5º: “Compete ao Engenheiro Agrônomo: o desempenho das atividades de 01 a 18 do artigo 1º desta resolução, referentes à engenharia rural; construções para fins rurais e suas instalações complementares; irrigação e drenagem para fins agrícolas; fitotecnia e zootecnia; melhoramento animal e vegetal; recursos naturais renováveis; ecologia, agrometeorologia; defesa sanitária; química agrícola; alimentos; tecnologia de transformação (açúcar, amidos, óleos, laticínios, vinhos e destilados); beneficiamento e conservação dos produtos animais e vegetais; zimotecnia; agropecuária, edafologia; fertilizantes e corretivos; processo de cultura e de utilização de solo; microbiologia agrícola; biometria; parques e jardins; mecanização na agricultura; implementos agrícolas; nutrição animal; agrostologia; bromatologia e rações; economia rural e crédito rural; seus serviços afins e correlatos”.
Visão administrativa
A amplitude da atuação dos profissionais da Agronomia é destacada pelo superintendente de Integração do Sistema Confea/Crea e Mútua, engenheiro agrônomo Cláudio França de Araújo. “Na cadeia produtiva do agronegócio, o profissional tem um campo de atuação completamente heterogêneo, lida com produtos (insumos) e também com gestão de recursos humanos, da agricultura familiar à agricultura de alta tecnologia. Essa é uma profissão cada vez mais identificada com o empreendedorismo, o que exige que o profissional mantenha-se atualizado, além da academia. Mas o que tenho mais saudade é de ver um campo que eu plantei granado, e saber que aqueles grãos irão alimentar pessoas e gerar riquezas para a sociedade”, diz o profissional, que atua no Confea há 17 anos.
Formado pela Universidade Federal de Lavras, Cláudio foi responsável por 28% da produção nacional de sementes de sorgo como supervisor de campo da ICI Sementes, atual Down Agrosciences. Nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, lidava com a produção de sementes de milho, sorgo e girassol, antes de iniciar suas atividades administrativas junto ao Confea. “Temos uma formação eclética, fundamentada em conhecimentos das ciências Exatas, Biológicas e Humanas. Com essa base, exercitamos técnicas de transferência de tecnologia ao produtor nas atividades de Extensão Rural, muito utilizadas pelos profissionais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) no exercício da Agronomia Pública, por exemplo”, informa, salientando também a redução dos egressos de origens rurais nos cursos, devido a fatores como o potencial para que os engenheiros agrônomos atuem também nas grandes cidades. “Nesse contexto, os agrônomos estão sendo cada vez mais chamados a entender de mercado, empreendedorismo, informações de foco econômico, a lidar com riscos, a ter uma visão de gestor”.
Biotecnologia e agronegócio
Empresas de biotecnologia correspondem a um dos muitos campos de atuação dos engenheiros agrônomos. Em grande parte para atender às demandas do agronegócio. Cláudio França comenta que essas empresas atuam em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em atividades de extrema relevância para o desenvolvimento das chamadas “atividades do campo”, como melhoramento de animais e plantas, por exemplo.
“Temos uma empresa como a Embrapa, que é um orgulho nacional, sem parâmetros internacionais, que, junto ao trabalho de outras empresas, tanto nacionais como multinacionais, possibilita a produção de alimentos no bioma cerrado. Hoje somos referência em produção de milho, de soja, mas também de pequenas culturas, como a de flores, de feijão, hoje produzido em três safras/ano, e até mesmo de culturas de clima temperado como a ervilha”, diz, considerando a necessidade de incentivar ainda mais pesquisas para incrementar a produção nacional de trigo, cujo consumo interno cresce à taxa de 1,3% aa, e cuja produção interna reduziu em 32% entre a safra de 2011/12 e a de 2012/13.
O superintendente de Integração do Sistema Confea/Crea e Mútua também estipula a importância do engenheiro agrônomo para o sucesso do agronegócio e da Agronomia Pública para o país. Maior produtor mundial de café, açúcar, álcool e suco de frutas, além de deter alguns dos maiores e mais valorizados rebanhos do mundo, o Brasil depende muito da economia do agronegócio, o que está diretamente relacionado a essa visão estruturante do profissional da Agronomia. O desenvolvimento do agronegócio vem sendo um dos vetores dessa capacidade gerencial viabilizada por suas múltiplas abordagens. “Devendo muito à atuação visionária de Alisson Paulinelli, a Embrapa contribui para o desenvolvimento da agricultura nacional e de toda a cadeia produtiva do agronegócio”.
Agronomia Pública e EAD: novos rumos?
Além da intensificação da visão gerencial da atividade, o engenheiro agrônomo gestor do Confea pondera que parte das dificuldades da agricultura familiar “dita não empresarial” decorre do baixo nível de qualidade das suas transações comerciais. “Elas não têm mecanismos de proteção do agricultor, que não está na cadeia de produção agroindustrial”. Ao tratar da Agronomia Pública, Cláudio França destaca a atuação das empresas estaduais de extensão rural – ATERs, nas quais os engenheiros agrônomos, juntamente com outros profissionais, atuam como agentes de desenvolvimento social para que as famílias, mediante o correto aproveitamento das suas propriedades, possam alcançar um patamar social e econômico mais elevado.
Já em relação ao Ensino a Distância – EAD, a visão de Cláudio França tende a ser conservadora. Para ele, a discussão sobre essa modalidade de ensino nos cursos agrários ainda está se iniciando. “A formação do engenheiro agrônomo não dispensa a experiência vivencial, é por meio dela que o profissional adquire a percepção da dimensão dos fatores que influenciam a produção. Não obstante, a EAD apresenta-se como instrumento útil e superador de distâncias para a atualização do profissional”.
Fonte: Henrique Nunes – Equipe de Comunicação do Confea
Assessoria de Comunicação do Crea-SE
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